Ontem eu me lembrei de uma experiência que vivi em Milão, na Itália. Coisa simples e corriqueira que, pelo fato de não estar no meu país, me deixou desconsertada.
Eu fui a um supermercado comprar
algumas guloseimas para trazer para o Brasil e aproveitei para pegar alguma
coisa para comer naquele fim de tarde. Observei que havia uma sessão grande com
muitas opções de pães. O cheiro daquele lugar estava realmente delicioso e sugestivo.
Parei para escolher uma opção e me deparei com um sistema novo. Cada pão estava
num compartimento individual de vidro. Ao lado de cada compartimento havia uma
bandeja. Eu conseguia ver que era necessário selecionar a opção e fazer
deslizar o pão para a bandeja ao lado para então retirá-lo, mas, não sabia como
fazer aquilo exatamente.
Não havia mais ninguém naquela
sessão para que eu pudesse imitar. Esperei alguma pessoa aparecer para pedir
ajuda, mas o único que apareceu era um italiano, obviamente, e eu não conseguia
me comunicar. Apelei para a mímica, mas, a pessoa estava muito ocupada para
tentar me interpretar. Demorei algum tempo analisando aquele sistema. A fome
havia aumentado e o nervosismo também. Por fim entendi como funcionava. Escolhi
meu pão recheado, o deslizei para a bandeja e me dirigi para a balança ao lado.
De novo me peguei sem saber o que fazer. Claro que as explicações estavam em
italiano.
Selecionei o valor e coloquei o pão
na balança. O valor impresso na etiqueta me pareceu muito baixo pelo produto
que havia selecionado. Dirigi-me ao caixa para pagar com uma pulga atrás da
orelha. Pensei que deveria voltar e analisar melhor a forma como tinha pesado
meu pão, e de fato voltei. Olhei para os compartimentos de pães e para a
balança tentando entender as explicações. Refiz meus movimentos e por fim fiz o
que devia fazer da forma certa.
Uma coisa tão simples, comprar
pão, me fez perder muitos minutos do meu dia. O idioma me impediu de me
comunicar. O que deveria ser algo corriqueiro me pareceu um desafio. Porém,
aquela experiência me marcou.
Estar num país diferente, com um
idioma diferente e costumes diferentes te faz ampliar as experiências de vida.
O desafio de se comunicar e de se adaptar à cultura te arranca da zona de
conforto e te faz enxergar a vida por outra perspectiva. Agrega valor à vida. O
conhecimento adquirido é de uma riqueza imensurável.
E depois que o desconforto passa,
fica a experiência, o aprendizado e a experiência.
Fica a história para contar.
O aperto se transforma em riso.
E a expectativa pelo novo, pelo diferente, pelo exótico, te faz ansiar o próximo destino.
Estou pronta para a próxima
experiência. Sempre!
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