Faltam apenas dois dias para o meu aniversário e eu gostaria muito de escrever o texto mais lindo que já escrevi em toda a minha vida — um texto que te levasse às lágrimas de tanta emoção, que te fizesse saltar do seu assento com um pulo repentino de ação, com uma atitude de mudança de vida que te levasse à realização de um grande sonho.
E, bem, talvez eu não consiga escrever o texto mais lindo do mundo, mas quero escrever o mais verdadeiro.
Desde sempre me ponho muito reflexiva com a chegada do meu aniversário, e neste ano há um quê a mais. Esse tem sido um ano com uma reviravolta inesperada.
Comecei o ano com um entusiasmo diferente. Eu finalmente tinha emagrecido e conquistado um corpo que me alegrou o coração — e não estou falando de um padrão de beleza, ou do “shape” perfeito. Não é nada disso, mas eu estava feliz. Sabe como é difícil se sentir satisfeito com o seu corpo, de olhar no espelho e aprovar a sua imagem? Então, foi assim que comecei o ano.
Bem, eu tive a oportunidade de compartilhar do meu processo de emagrecimento junto com a conscientização de que somos templo do Espírito e devemos cuidar do nosso corpo. Como igreja, somos bastante ligados ao cuidado do espírito, mas deixamos a desejar no cuidado do corpo e da alma, concorda? Palestrei sobre esse assunto, dei estudo sobre isso e orei muito sobre esse tema.
Certo, por falar em oração, eu tive ótimos momentos de oração e também comentei muito sobre isso. E, obviamente, se você me acompanha por aqui, nada disso é novidade, porque todo este ano eu me dispus a compartilhar minhas experiências aqui no blog.
Eu tive respostas das minhas orações, eu senti Deus tratando comigo, e, nos últimos cinco meses, tenho vivido dias muito desafiadores na minha saúde. Passei por vários profissionais, fiz tantos exames, chorei, orei, questionei, tentei ficar quieta e ouvir — ouvir conselhos, ouvir repreensões, ouvir sugestões e ouvir, principalmente, a voz de Deus.
Em anos passados, eu escrevi, nessa época do meu aniversário, coisas interessantes sobre o que aprendi da vida. Escrevi textos bem legais sobre experiências. E hoje me deu vontade de voltar aqui para escrever um pouco sobre essa fase. Eu me vejo na imagem que o reflexo do espelho mostra.
Quando você está numa sala de ultrassom realizando um exame e ouve do profissional que é necessário se submeter a uma biópsia, você leva um choque e começa a questionar. Talvez você não saiba o que acontece na mente e na alma num momento desses. É difícil afastar da mente que há uma suspeita de câncer. E, quando essa palavra acende no seu cérebro, o mundo desaba. Sim, por mais fé que você tenha. Por mais feliz que você seja. Por mais rodeada de amor e afeto que você esteja.
Então, essa mulher que o reflexo do espelho me mostra surgiu diferente aos meus olhos. Foi uma reviravolta de emoções, de sentimentos.
Uau! Nesse tempo, eu tenho enxergado a fé de uma forma diferente — e talvez isso assuste muita gente. Não estou falando de dúvida ou de retroceder, não. Longe disso! Estou falando de crer não importando as circunstâncias. Estou falando sobre crer na soberania de Deus de uma forma irrestrita, incondicional.
Talvez você não entenda, mas é possível crer e, ainda assim, chorar, sentir dor e tristeza. Crer e, mesmo assim, se fazer perguntas. Talvez você não entenda. E talvez seja melhor que não entenda mesmo.
Neste ano, com a chegada do meu aniversário, eu quero agradecer pelo diagnóstico de câncer que foi descartado. Quero agradecer pela oportunidade de ter vivido todo esse tempo na presença de Deus, pela permanência apesar do meu eu. Quero agradecer pelos pais que tenho — eles são pessoas sensacionais, o meu esteio. Sou grata pela minha família, pela provisão divina, pela mulher que sou.
Não alcancei tudo que desejei, e agradeço por ter alcançado tudo que precisei. Quero agradecer cada dia ordinário que tenho vivido. Tenho podido olhar com muita atenção para o ordinário da vida. Estou vivendo com o freio de mão puxado — não por escolha própria, mas porque Deus tem me chamado a desacelerar, a esperar e a depender. Como é difícil! Eu não gosto de esperar e muito menos de depender. Porém, estou rendida nos braços do Pai.
Lembrei-me das vezes em que, quando criança, eu adormecia chorando — muitas vezes fora da minha cama — e, no dia seguinte, amanhecia no conforto do meu quarto. Meus pais haviam me carregado no colo e me colocado para dormir na minha cama. Quantas vezes tenho chorado nos braços do Pai, sabendo que Ele tem me carregado quando finalmente me rendo a Ele.
Somos Suas crianças, e não importa se passamos dos quarenta — como é o meu caso —, sempre seremos Seus filhos e estaremos sendo cuidados por Ele.
Meu aniversário ganhou um significado diferente este ano, e como eu gostaria de poder tirar o melhor proveito de tudo isso. Compartilho esses sentimentos porque talvez você esteja vivendo dias difíceis também, e eu quero te encorajar a olhar para Jesus, autor e consumador da fé. Sem Ele, todo desafio é intransponível; mas, com Ele, tudo se torna superável.
Por mais difícil que possa parecer, se você sentir vontade de chorar, chore nos braços de quem pode te amparar. Só Deus pode enxugar suas lágrimas. Tudo isso vai passar. Eu creio.
Dias melhores virão — e que o próximo ano seja mais leve, mais feliz, mais saudável e cheio de boas surpresas. Que assim seja, não só para mim, mas para você também!
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