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Obrigada pela correção!

Hoje, após o expediente, sentei-me à mesa com minha mãe. Tomávamos café e saboreávamos um bolo de cenoura, e a conversa, como sempre, foi se aprofundando. Em certo momento, comentei com ela sobre a minha criação.

Admiro muito os meus pais e a forma como conduziram a nossa educação. Minha mãe foi firme na correção — uma verdadeira mãe “raiz” dos anos 80. “Tatuou” em mim a marca Havaianas, me fez engolir o choro, repetiu inúmeras vezes que eu não era todo mundo e deixou bem claro que eu não teria tudo o que quisesse na vida. Com ela, aprendi sobre mérito e o valor das minhas conquistas.

Meu pai foi diferente. Mais da palavra, das metáforas. E como doíam — e ensinavam — as lições escondidas nas histórias que ele contava. Métodos distintos, mas ambos eficazes.

Hoje, reconheço o quanto cada correção foi necessária e importantíssima.
As coisas são diferentes agora, né?

Ah, fala sério! Eu sou da época em que Merthiolate ardia. Você sabe o que é isso?

Não fui uma criança de fazer muita bagunça. Era bem na minha. Gostava de brincar sozinha. Mas também corria na rua, brincava de carimbada, ralei o joelho muitas vezes. Quebrei os dentes da frente porque caí na calçada correndo. Fui uma criança feliz. Brinquei, briguei, fiquei emburrada, festejei, me diverti.

Aprendi a falar palavrão — e fui corrigida. Aprendi a pedir perdão mesmo quando não queria. Aprendi a reconhecer meus erros. Aprendi que a mentira não vale a pena.

Meus pais não fizeram curso de inteligência emocional ou social para nos educar. Não receberam uma cartilha nem manual de instruções, a não ser a Bíblia. Criaram três filhos com a bagagem que tinham, com fé, amor e graça de Deus. E olha, não estou falando de perfeição — longe disso. Mas preciso reconhecer publicamente o quanto eles foram felizes na missão de nos educar.

Hoje, somos todos adultos. Meus irmãos já são pais e agora assumiram o papel de educadores. Uma tarefa difícil! Mas com bons exemplos para seguir.

É verdade: o tempo mudou. O mundo também. Mas a correção ainda é necessária e essencial para formar o caráter de uma pessoa.

É preciso, desde cedo, entender as leis morais — ou leis naturais, como dizia C. S. Lewis. É preciso aprender a lidar com a frustração, a conquistar pelo mérito, a viver com valores firmes.

Vejo uma geração tão frágil... Tão carente de validação. Gente que se esconde atrás de uma fachada de bem-estar e felicidade. Pessoas que não sabem lidar com os “nãos” da vida, que ainda não entenderam que não são o centro do universo — e que não são todo mundo.

Esse texto não é uma indireta. Não tem um alvo. É só uma reflexão.

(E veja só: até isso hoje precisa de justificativa. Que coisa!)

Vivemos num tempo ultra conectado, com tecnologia e informação na palma da mão. Temos acesso a tantas possibilidades... Poderíamos viver num mundo extraordinário. Mas estamos presos a discussões rasas, aos “mimimis” constantes. Um atraso desnecessário.

Então é isso. Esse foi o assunto do meu café da tarde com a minha mãe. E que bom poder dizer a ela — e ao meu pai — que sou grata por cada correção que recebi.

Apanhei bastante porque, como minha mãe diz, eu era “boca dura”. Mas agradeço. O choro, a tristeza provocada pela correção, moldaram meu caráter.

Foi importante. Foi necessário.

Sou grata!

Comentários

Anônimo disse…
Esse texto foi como esse café reflexivo. Eu também sou grata por "todos os traumas" (se for usar a linguagem atual e adolescente) que eu tive. Eles me fizeram encontrar Jesus, respeitar e honrar os mais velhos. E sim, saber que eu não sou todo mundo (isso já me livrou de enrascadas).
Anônimo disse…
Também sou grata a Deus por meus pais. Por me amarem tanto que até tinham tempo e se importavam em me corrigir. Que privilégio ser amada a ponto de ser corrigida, orientada e acompanhada na jornada. Amo meus pais!

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