Eu nasci em Uberlândia, uma cidade do interior de Minas Gerais no sudeste do país. É o segundo município mais populoso do estado. A vegetação da região é predominantemente cerrado. Nasci no perímetro urbano e cresci ainda com liberdade de brincar na rua antes da frota de carros se proliferar. Minha infância foi regada a brincadeiras no tempo em que crianças corriam pulavam, giravam enfim, sabe o que quero dizer né? Eu e minha família aproveitávamos nossos fins de semana ou feriados para nos distanciarmos da cidade. Trocávamos as vias asfaltadas pelas estradas de terra, e o burburinho da cidade pelos cantos dos pássaros nas fazendas de familiares ou municípios ainda menores que minha cidade natal. Tive uma infância feliz e sempre fui sonhadora.
Lembro-me de quando viajei pela primeira vez para o litoral. Não foi uma viagem programada. Meu tio Manoel era quem estava no comando daquele passeio. Regressávamos de uma conferência de jovens e na verdade desviamos do nosso caminho para fazer uma parada na praia de Santos SP. Eu e os demais estávamos eufóricos por conhecer o mar. Nenhum de nós estávamos com trajes adequados, aliás trajávamos roupas sociais, mas não nos importamos. Uau! Eu fiquei admirada com o que vi. Se você conhece a praia de Santos sabe que ela não é tão atraente assim, mas eu era uma menina da região do cerrado, lembra?
Pois bem, eu conheci o mar e voltei para casa com aquela visão que me impactou. Que imagem mais linda, aquela imensidão de água encontrando-se com o céu na linha do horizonte! O som das ondas, a areia e a maresia ficaram registrados na minha memória. Eu sabia que aquela seria só a primeira de muitas vezes que voltaria ao litoral. Não podia deixar de viver aquela experiência. E assim tem sido. Já estive de volta tantas vezes no litoral e ainda não conheci nada do que existe por aqui neste nosso pais tão rico de belezas naturais.
Conhecer o mar me trouxe uma sensação tão boa e especial que sempre que me sinto reflexiva e com desejo de me acalmar eu penso no mar. Eu penso em como eu me senti ao estar com as águas salgadas dando nos meus ombros, de como me senti pequena diante de Deus criador de tamanha beleza. Eu penso em como ele sustenta todas as coisas pelo seu poder. Como as águas respeitam o seu limite. Penso em como as ondas sempre voltam para o mar. Penso na areia da praia e na maresia. Sinto que a natureza dá testemunho da grandeza e do poder de Deus e tenho a certeza que estou segura. Vivo a uma distância tão grande do litoral mas tenho sempre a minha mente rondando por lá.
Talvez você me questione por que não tenho o mesmo sentimento em relação ao cerrado. Não sei dizer. O que sei é que hoje eu ficaria feliz em poder caminhar um pouquinho à beira mar. Queria sentir a maresia. Queria poder fechar os olhos por um momento e me atentar ao som das ondas quebrando se na praia e então abrir os olhos e mirar para o horizonte e ver que tudo permanece no compasso certo que Deus estabeleceu. Eu vejo tudo isto nos meus pensamentos agora e sinto meu coração aquietando se. Deus está no controle e sempre estará.
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