Num dia destes fiquei por um
tempo olhando imagens do Memorial do 11 de Setembro erguido em Nova York onde
ficavam as torres gêmeas do World Trade Center derrubadas após o choque com
aviões pilotados por terroristas. O monumento que lembra as vítimas dos
atentados é uma obra linda composta por dois espelhos d’água com fluxo contínuo,
cercados por muitas árvores. Os nomes das quase 3.000 vítimas foram escritos em
bronze nas bordas das piscinas. Ao olhar para as imagens do memorial percebi
como a queda de água e os formatos das piscinas dão a sensação de queda constante,
a tradução exata do que o memorial pretende; marcar a constante ausência no
ambiente.
Como já escrevi em outra
ocasião, não é necessário ser norte americano para lembrar-se do dia 11/09/2001
com peso no coração. A mídia mostrou para o mundo detalhes do atentado. A
destruição, o assombro, a dor, o medo e as incertezas foram vistos por
milhares.
Certamente se um dia eu for à
Nova York vou desejar visitar o marco zero. Vou olhar e ler os nomes impressos
no bronze. Vou sentir o peso e a sensação que a queda da água provoca ouvindo o
barulho. Vou ver pessoas chorando. Vou ver a saudade e a dor estampada no olhar
das pessoas. Vou “ouvir o silêncio”...
Porém, eu jamais sentirei o
mesmo que um sobrevivente daquele atentado. Eu jamais sentirei a dor de alguém que
perdeu um amigo, um familiar, um grande amor, um mestre...
O meu olhar nunca será igual
ao de uma pessoa que tem uma história naquele lugar. Por mais que eu me
emocione, por mais que eu perceba todo o significado daquele memorial.
Porque só alguém que tem uma
história pode compreender suas memórias.
Por isso é que muitas vezes
você pode se emocionar com as histórias dos outros, pode respeitar a fé dos
outros e até mesmo dar o seu ombro amigo e dali a pouco dar as costas e voltar
para sua realidade. Como faz um mero turista no marco zero em Nova York.
As memórias são para serem
preservadas e tirar delas o aprendizado para seguir avante. Elas nos fazem
lembrar que sempre haverá uma canção, um lugar, uma paixão, um erro e um
aprendizado. Sempre!
Sempre haverá um sorriso, uma
comida especial, uma carta, uma caneta e um papel em branco esperando por uma
nova história. Como dizem por aí... Não importa como você começou, importa como
você escreverá a história daqui para frente.
Use suas memórias para dar um
salto na vida!
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