Tive a oportunidade de ler um
livro há muito tempo que me inspirou de maneira muito significativa. Trata-se
de um comentário minucioso do livro bíblico Neemias. Apaixonei-me por esse
personagem e por sua ousadia, liderança eficaz e eficiência. Não sei dizer
quantas vezes já mencionei as palavras contidas naquele livro, mas posso
assegurar-te que ele mudou minha percepção de liderança e continua a me
inspirar.
Ele faz uma observação
interessante (dentre tantas) e nos chama a atenção para um grupo de judeus no
cap. 4 que não estavam envolvidos na construção dos muros. Eram mercadores que
saiam da cidade para compra de produtos longe dos portões e voltavam para a cidade
depois de comprar e negociar com outros “povos”.
Estes outros judeus por conta
do trânsito que faziam levavam para dentro dos portões notícias dos inimigos.
Eles foram responsáveis em dado momento por espalhar a descrença entre aqueles
que já estavam cansados fisicamente de trabalhar na construção dos muros.
Aqueles que dedicavam suas forças e sentimentos no trabalho de edificação foram
atacados na emoção por aquelas noticias que os outros traziam.
Essa observação é tão
importante porque mostra outro lado de um trabalho. Existe um grupo que se dedica,
se esforça sua, chora... Sente o ardor da labuta. Está atento para os sons,
alerta com os movimentos. Vê os muros subirem tijolo por tijolo. Empunha as
ferramentas de construção e se necessário armas para a peleja. É o grupo ativo.
E de outro lado existe outro grupo que está preocupado com outras questões. Transita
entre a cidade, sai pelas portas e anda entre o inimigo. Sabe do movimento que
está dentro da cidade e sabe do movimento fora dos portões. Tem amizade cá e
negócios lá. Relações aqui e ali. Não tem posicionamento. Não é a favor nem
contra. Não é posição nem oposição. Estes não têm parte na obra. São ou estão
inativos.
Suas palavras podem servir
como alerta, porém ao mesmo tempo podem disseminar a dissolução entre os
trabalhadores. Estes dois grupos de pessoas existem em qualquer contexto. É
atual.
Neemias edificou os muros em
52 dias e os que estavam com ele tiveram motivos para comemorar. Suas famílias
estavam seguras. Homens mulheres e crianças puderam se alegrar com a vitória
conquistada com muito esforço, suor e trabalho.
Os outros... Não são
mencionados. Por quê? Não tinham parte no resultado conquistado.
Precisamos abrir os olhos para
enxergar a realidade e nos posicionar em algum grupo. Ou seremos ativos e
teremos parte na obra ou nossa inatividade causará dano à obra. Transitar entre
um e outro grupo não traz nenhum beneficio individual, familiar ou social.
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