[telefone toca]
- Alô!?
- Sra. (…)?
- Sou eu, pois não?
- Aqui quem fala é...
Ah, não! Tinha que ser uma ligação de Call Center?
Escuto com impaciência a pessoa do outro lado lendo apressadamente o script fornecido pela empresa.
- (Sra. ...)Devido ao seu bom relacionamento comercial a sra. ...
De onde surgiu essa idéia de “bom relacionamento comercial” e porque essa insistência de manter um script tão mecânico?
Imagino aqui com meus botões que um bom relacionamento comercial é aquele em que o cliente se torna “fiel” às empresas de seu interesse. Cria um vínculo comercial através de compras por crédito. Compra com muita freqüência e paga em dias suas faturas.
Dificilmente um cliente que não possui um crediário conseguirá estabelecer algum vínculo com empresas. Além do mais, compras à vista têm o respaldo de descontos, o que não agrada o empreendedor.
A leitura atropelada do script continua até que para meu alívio surge uma pausa.
Escuto a respiração ofegante da pessoa do outro lado da linha seguida de uma pergunta atrevida:
- (Sra. ...) O endereço de entrega do cartão é...
Epa! Espere aí! Agora vem o pior...
Tenho que vencer todos os argumentos descritos no script para me livrar de um produto que eu não quero e de uma ligação que eu não quis receber, tudo isso claro com muita educação afinal sou uma pessoa civilizada.
Pergunto pelo nome do funcionário (a essas alturas só conseguiria chamá-lo de senhor) e faço minha primeira tentativa de descartar a “extraordinária oferta”.
Dou minhas razões e novamente escuto argumentos lidos. Pareço ouvir um robô repetindo frases prontas.
Sei que do outro lado está um funcionário cumprindo com sua obrigação; tentando colocar o lema da empresa em atividade transformando suas ligações numa central de relacionamentos com clientes embora a única coisa que ele consegue fazer é me irritar.
Escuto. É a única coisa educada que posso fazer.
Ao final da leitura vem a pergunta:
- Alguma dúvida?
(- Sim! Quem foi que te passou meu telefone?)
Penso nessa opção de resposta, mas seria muita grosseria da minha parte.
Respiro fundo, respondo com educação e finalmente os argumentos acabam.
Despedimos-nos cordialmente na certeza de que em breve voltaremos a nos falar afinal meu nome e telefone consta no mailing da empresa.
Comentários
Boa mensagem rsrs.
E...para piorar ainda mais...imagine quando esse tipo de ligação não se limita a uma vez por dia??? Meu Deus...tem que ser muito civilizado!!!kkkk
Abraço