Geração Y ou Millennials, essa é a geração a qual eu pertenço. Interessante, eu tenho pensado muito sobre isso. Claro que não é a nomenclatura que me chama a atenção, mas a percepção que eu tenho ao ver a transformação geracional que eu vi nascer e crescer.
Sim, eu estou envelhecendo e é inevitável
aquele tipo de conversa sobre a minha época e as pessoas que cresceram comigo. Também
sou consciente que esse tipo de comparação incomoda, por que eu também já fui
muito incomodada com esse tipo de comparação. Porém, isso faz parte da vida.
Eu me lembro como me irritava
ouvir uma pessoa mais velha dizer que havia me visto nascer. Como aquilo me
irritava! E agora sou eu a pessoa mais velha que vi tantos nascerem.
Fico bastante irritada com a
geração que veio depois de mim, acho que isso também é normal. Me incomoda
demais ver o quanto essa nova geração é mimizenta, para usar o termo popular. São
pessoas que não sabem ouvir uma negativa, não sabem lidar com a frustração, não
se dão o trabalho de tentar resolver situações. São pessoas muito adaptadas ao
Ctrl + C / Ctrl + V, não se dão ao trabalho de criar, querem tudo pronto e de
mão beijada. Elas não acham, elas têm certeza de que as pessoas lhes devem ajuda.
É impressionante!
De três filhos que meus pais
tiveram eu sou a caçula. Aprendi desde cedo que eu não era o centro da atenção
dos meus pais. E apesar de não gostar de compartilhar coisas eu aprendi que as
coisas não são exclusivas para mim. Eu ouvi muito não, embora eu também seja uma
pessoa que contesta fácil. Vivi muita frustração. Já dei muita birra e fui
levantada do chão com uma boa chinelada. Apendi a “engolir o choro”, aprendi
que não sou todo mundo, que eu não pulo num buraco porque um amiguinho pulou.
Aprendi que o mundo não gira ao meu redor.
Eu tive uma mãe e um pai muito
presentes e atuantes na minha vida. E graças a Deus por isso. Apanhei muito e
nenhuma vez foi porque “estava rezando” e não acho que a correção dura e firme
que recebi ofendeu meu direito de criança e adolescente.
Comecei a trabalhar com nove anos
quando eu aprendi a pintar fraldas de tecido, pois é, como eu disse no início,
na minha época ainda se usava fraldas de tecido. Não era uma exploração
infantil da parte dos meus pais, mas um ensino que foi muito importante para
mim. Eu não era forçada a trabalhar, mas, eu pintava, e modéstia à parte, eu
fazia isso muito bem, então eu aproveitava para ganhar dinheiro com aquilo.
Comprei alguns brinquedos com meu dinheiro. Depois eu fiz outros tipos de
trabalhos que envolviam artesanato. Nunca fui obrigada a trabalhar, não havia
essa necessidade, mas eu queria ter o meu próprio dinheiro. Minha carteira foi
assinada com dezesseis anos de idade e eu ainda me recordo da felicidade
daquele dia. Eu jamais cheguei perto de ser uma viciada em trabalho, “workaholic”
para usar um termo mais comercial. Nunca tive a ambição de ser a melhor aluna
ou a melhor profissional da minha área de atuação ou ostentar um status social.
Porém, sempre cultivei a prudência e responsabilidade, sempre busquei ser uma
pessoa de palavra. Confesso que tenho dificuldade de pedir ajuda ou delegar, antes,
porém, eu tento uma, duas, três ou quantas vezes eu conseguir. Eu quebro a
cabeça. Eu insisto e dificilmente desisto.
Minha geração nasceu com o avanço
da informática e fomos aqueles que viram de perto o desenvolvimento absurdo da
internet. Nós fomos aqueles que demos ao Google e ao YouTube o ensino para o
seu desenvolvimento. Nós alimentamos essas plataformas com nossas pesquisas e
ajudamos elas se tornarem a potência que são. E eu vejo que essa nova geração
sequer tem a curiosidade de “dar um Google” antes de querer algo pronto. Isso
me irrita profundamente.
Eu tenho idade para ser mãe de adolescente,
ou mais. Não sou mãe. Fico imaginando se eu fosse, como eu lidaria com o ensino
e a educação dos meus filhos? Cara! Que loucura!
Eu escolhi o meu trabalho e eu
sei que poderia fazer muitas vezes mais do que eu tenho feito. Eu poderia “ganhar”
muito mais dinheiro do que ganho se trabalhasse mais do que trabalho. Eu poderia
ter um ritmo de vida muito mais intenso do que eu tenho. Há infinitas
possibilidades. Minha reflexão hoje, no entanto, é sobre a qualidade do que eu
faço, a qualidade e responsabilidade, a responsabilidade e prudência, a prudência
e perseverança, a perseverança e competência, a competência e a disposição para
fazer o que faço.
Eu quero fazer algo que me vem à
mão para fazer com dedicação, ser 100% verdadeira naquilo e ter a certeza que
dei o meu melhor. Mesmo que seja algo tão insignificante nesse mundo de aparências
de hoje. Mesmo que não me gere seguidores no Instagram, mesmo que não me renda
dinheiro no banco ou status diante da sociedade. Eu quero fazer o que tenha
sentido, que faça o meu ambiente melhor e que eu sinta prazer e satisfação
plena. Eu quero cumprir o meu propósito de vida. Quero fugir de uma vida de
fachada. Eu estou correndo disto.
E se você chegou até aqui,
parabéns! Você faz parte um uma minoria que está navegando na internet agora
mesmo. Eu espero que o que você faça também tenha sentido. Eu espero que você
se esforce naquilo que faz, espero que você possa viver a sensação tão
prazerosa de saber que o que você faz, faz a diferença nesse mundo. Não desista
facilmente. Tente de novo. Busque na internet. Pesquise. Estude e faça tudo com
prudência, responsabilidade e disposição. Não busque aprovação de terceiros,
mas dê sempre o seu melhor. Afinal, você não é todo mundo.
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