Enquanto segurava o pão e o vinho da Santa Ceia, veio à minha memória uma oração que tenho repetido desde o início deste ano:
“Quero ser uma pessoa de verdade e não uma fachada.”
Senti um nó na garganta e um aperto no peito, porque exatamente agora, neste momento, estou sendo provada nesse sentido. Minha fé está à prova. E, de fato, estou tendo a oportunidade de provar se sou verdadeira naquilo que creio.
É curioso… a fé é ao mesmo tempo algo simples e incrivelmente complexo. É difícil de explicar. Ou vai me dizer que, para você, é fácil definir o que é fé? Hebreus 11:1 é profundo:
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem."
Eu entendo — e, ao mesmo tempo, não consigo explicar.
Mas deixa eu tentar explicar a minha oração sobre ser verdadeira.
Sou mulher, estou na casa dos 40, e desde o meu nascimento sou cristã em uma igreja pentecostal. Sempre usei saia, nunca me pintei, nunca usei joias. Agora, já adulta, com cabelos brancos, minha aparência me denuncia. Quem me vê à distância logo diz: “É crente.”
Minha fachada é de crente, entende?
Mas eu quero mais do que sustentar uma imagem. Quero ser alguém que vive de verdade para Deus, que tem um relacionamento real com Ele. Quero confiar e descansar em Deus em qualquer circunstância — não só quando tudo vai bem, não só quando o tempo é favorável.
É aí que entra a questão.
Quando tudo está bem, uma fachada se sustenta. Mas quando os ventos contrários começam a soprar, a fachada não se aguenta. Já reparou? Ela cai com as rajadas.
Há três meses estou vivendo um dos momentos mais difíceis da minha vida, enfrentando desafios sérios na minha saúde. E tenho tido a oportunidade de olhar para minha fé, de dentro. Tenho chorado, sentido tristeza e angústia. Senti o peso da dúvida, das incertezas — em contraste com a firmeza que eu dizia ter.
Falar de fé é fácil… até o momento em que você precisa exercer fé. Falar da soberania de Deus é simples… até quando você não alcança aquilo que tanto deseja.
Quando a fé é colocada contra a parede, a aparência já não serve de nada. A única coisa que sustenta você… é ser verdadeiramente alguém que crê.
E sabe? Tenho me surpreendido com a minha própria fé.
Descobri que minha fé está além do que Deus pode fazer por mim. Ela está em quem Ele é. E isso me sustenta.
Nunca fui paciente. Mas estou esperando. Impacientemente… porém com temor, com reverência. Chorando, sentindo dor, tristeza e angústia — porque tudo isso faz parte da nossa humanidade.
Dentro de mim existem duas naturezas: a humana e a espiritual. E ambas estão em constante atividade. E enquanto eu viver, será assim.
Por isso, se um dia você me vir chorando, com o semblante triste, não pense que perdi a fé. Não estou tentando manter uma aparência. Estou sofrendo, sim. Mas ainda creio. E ainda confio.
Estou buscando ser verdadeira na minha fé. Clamando, orando, esperando… e crendo.
Sigo firme na certeza de que o choro dura uma noite — e ainda que essa noite dure mais do que as 24 horas que conhecemos, o sol vai voltar a brilhar.
E quando isso acontecer, quero estar inteira, verdadeira.
E não vou parar de louvar a Deus.
Por que faria isso? Não seria verdadeiro.
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