Neste último fim de semana, vaguei por minhas lembranças das viagens ao Peru. Amei minhas experiências naquele país e, sinceramente, anseio retornar.
Sou mineira, sempre morei na cidade. No interior, é verdade, mas sempre em zona urbana. Meu contato com a natureza é muito limitado. Passo horas do meu dia dentro de um escritório. Quando saio, vou à academia ou à igreja. Raríssimas vezes vou a lugares que proporcionam atividades ao ar livre.
Quando fui ao Peru, tive um impacto significativo em relação à natureza. Visitar os Andes peruanos foi maravilhoso. Subir as montanhas me tirou da zona de conforto e ampliou minha visão de mundo. Foi inesquecível.
Andar por vales cercados de montanhas me fez refletir sobre tantas passagens bíblicas que moldaram minhas crenças. Eu pude entender um pouco melhor textos como o Salmo 121, em que se lê:
“Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro?”
Senti-me tão pequena e frágil, tão dependente de proteção e cuidado. E tal como o salmista, senti conforto e segurança ao obter a resposta:
“O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.”
Passado algum tempo, tive o privilégio de ir ao Chile. Aquela foi outra viagem inesquecível. Foi lá que tive meu primeiro contato com a neve. Visitei uma estação de esqui chamada Vale Nevado. E novamente tive a oportunidade de subir uma montanha — agora, coberta de neve.
A neve batia na altura da minha panturrilha. Foi uma subida diferente. Não houve dificuldade com a altitude, mas lidar com a neve foi um desafio. Estava com minha irmã e um casal de amigos, irmãos na fé. Ali, em uma posição elevada e tendo uma visão do vale coberto de neve, vivi um momento de contemplação tão gostoso. Que experiência extraordinária!
Pouco menos de um ano atrás, retornei ao Peru para fazer alguns passeios que não consegui realizar na minha primeira visita. Visitei a Montanha Vinicunca em um dia e a Laguna Humantay no seguinte. Foram as experiências físicas mais desafiadoras da minha vida.
A alta altitude exige muito da respiração. Somada à dificuldade da caminhada, as trilhas se tornaram extremamente cansativas. Em ambos os passeios, as subidas demoraram cerca de uma hora e meia. Parei incontáveis vezes para recuperar o ritmo da respiração. Mas toda a dificuldade foi compensada pelo deslumbre da paisagem.
Que lugares lindos!
O caminho faz com que você se sinta um ser tão minúsculo e impotente, tão carente de proteção e cuidado, que só pode ser suprido pelo mesmo Deus que criou toda aquela beleza. É tão lindo e surpreendente!
Subir montanhas desafia o corpo e a alma. Você se questiona se vai conseguir. Olha para frente e parece estar tão distante do destino; olha para trás e percebe que não vale a pena voltar. Encontra muita gente pelo caminho, sofrendo como você, sem ar e se perguntando se realmente vale o esforço. E então começa a encontrar pessoas que estão descendo — e a expressão no rosto delas diz tudo: vale a pena seguir!
Quando você finalmente chega ao destino, se esquece — pelo menos por um momento — do sacrifício que foi. Vive o êxtase da experiência. Que sensação incrível e satisfatória!
E então é hora de descer.
Agora é você quem carrega o sorriso no rosto, a sensação de realização, o alívio, a emoção. Ao descer, você vê muitas pessoas aflitas, paradas pelo caminho, desanimadas e sem fôlego. Todas elas imploram para saber se estão próximas do destino. E é você o responsável por entregar uma palavra de encorajamento:
“Falta um pouco ainda, mas não desista. Vai valer a pena!”
Uau! E como vale!
Sabe, a vida é muito semelhante a essas experiências nas montanhas. Às vezes estamos no topo, outras vezes no vale — emocionalmente, espiritualmente, financeiramente, fisicamente... A vida é um ciclo. Estamos sempre em movimento. É desafiador, mas nem por isso deixa de ser bela.
Tenho um livro cheio de histórias sobre minhas viagens, com muitos detalhes de cada passeio e experiência. Ainda não está publicado, mas estou ansiosa para compartilhar. Quero muito ser uma dessas pessoas que, ao descer a montanha, carrega um sorriso fácil e tranquilizador — incentivando aqueles que ainda estão subindo.
Não é fácil, eu sei. Mas sabe qual é a melhor notícia?
Com Deus, tudo é possível.
E o mais incrível é que, se você levantar a cabeça aí mesmo, desse ponto, se olhar ao redor, conseguirá contemplar a beleza da vida. O problema é que, quando nos falta o fôlego, temos a tendência de abaixar a cabeça e olhar para o chão.
Então eu te digo:
Não pare. Não desista. Tome seu tempo. Respira devagar. Olha ao redor e contemple a beleza da vida. O seu destino está logo à frente. Vai valer a pena!
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