Quando comecei a olhar para o Peru como meu próximo destino, lá em 2019, percebi que precisava me preparar fisicamente. Eu era sedentária, passava o dia sentada no trabalho, não cuidava da alimentação e estava confortável com meu estado físico. A imagem no espelho não me incomodava muito.
Essa consciência de que eu precisava me movimentar veio depois de uma viagem à Itália. Caminhei muito nos passeios turísticos e, à noite, chegava ao hotel exausta. Mal dava tempo de sentir o jet lag de tanto cansaço físico.
Com Machu Picchu em mente, me matriculei numa academia. Fiz minha primeira avaliação de bioimpedância e levei um susto: a minha condição era bem pior do que imaginava. A pessoa que me avaliou foi bastante direta, sem poupar comentários.
Comecei na musculação, mas sem mudar minha alimentação. Na época, eu era resistente a qualquer coisa que parecesse dieta. Para mim, cuidar da alimentação significava abrir mão dos prazeres da mesa – e eu amo comer. Sou uma verdadeira gourmand, apaixonada por gastronomia, estudiosa de receitas e exploradora de sabores. Não queria abrir mão disso nem por saúde.
Fui ao Peru. A experiência me impactou. Vi como o condicionamento físico é essencial, mas ainda assim, a mudança real só aconteceu em 2023 – quatro anos depois de ter entrado na academia.
Procurei um médico para um check-up e os resultados foram um balde de água fria: pré-diabetes, esteatose hepática e obesidade. Era hora de mudar, de verdade.
Foi ali que minha ficha caiu. Passei a encarar a alimentação como educação, não como punição. Percebi que não precisava me privar dos sabores, mas precisava comer com consciência, equilíbrio e responsabilidade. Intensifiquei os treinos com mais disciplina, aumentei a carga nos exercícios e incluí o tão temido cardio na rotina.
E os resultados começaram a aparecer.
A máxima é verdadeira: para ter resultados diferentes, é preciso fazer diferente. A imagem no espelho começou a mudar – e, o mais importante, comecei a gostar do que via. Minhas roupas ficaram largas, meu peso diminuiu, e ganhei um novo vocabulário: o do mundo fitness. Mas não foi só o corpo que mudou.
Menos de um ano atrás, comecei a perceber uma transformação na minha vida espiritual. Passei a entender meu corpo como templo do Espírito. Acredito que somos seres tricotômicos: corpo, alma e espírito. E se o corpo não é meu, mas de Deus, então cuidar dele é um ato de fé e reverência.
Na semana passada, voltei ao médico. Repeti os exames, inclusive uma densitometria óssea de corpo inteiro – que avalia a composição corporal. O resultado foi animador: meu esforço está dando frutos. Mais do que aparência, conquistei condicionamento físico, saúde e perspectiva de envelhecer com autonomia e qualidade de vida.
Mudar é um investimento. Não é confortável. Não é prazeroso. E, com certeza, não é fácil. Mas vale cada esforço. Ter saúde é melhor do que ser doente – e isso deveria ser nossa maior motivação.
Quero propor um pequeno exercício:
Quando for tomar banho hoje, olhe-se no espelho. Agache-se e levante-se algumas vezes. Veja como seu corpo reage. Mais tarde, suba e desça uma escada. Preste atenção à sua respiração.
Agora pense: você conseguiria viver uma vida longa com o condicionamento físico que tem hoje?
Se a resposta for “não”, tudo bem. Mas tenha atitudes que te levem na direção do “sim”.
Vida longa e boa saúde!
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